domingo, 28 de abril de 2013

Mate em 2

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As negras jogam e em 2 jogadas dão check mate.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Dicas de abertura de Xadrez.



Descuido nos Princípios da Abertura



Vamos analisar alguns erros que são freqüentemente cometidos por jogadores inexperientes nos estágios iniciais da partida.

Em primeiro lugar, é importante lembrar que os pontos mais vulneráveis na ala do Rei são aqueles que só contam com a proteção do mesmo. Na posição inicial tais pontos são os Peões nas casas f2 e f7. Após o roque, tais pontos são os Peões nas casas h2, g2, h7 e g7. A proteção destas casas deve ser uma preocupação primordial. A experiência mostra que, geralmente, é nestas casas que ocorrem desastres, mesmo nos sistemas de abertura mais sofisticados.

Vamos analisar uma posição que ocorre na antiga e romântica
 


Abertura Italiana:

1.e4 e5
2.Cf3 Cc6
3.Bc4 Bc5
4.c3 Cf6



5.d4 exd4
6.cxd4 Bb4+
7.Cc3!






Em vez de jogar um cauteloso 7.Bd2, as Brancas decidem sacrificar dois Peões e uma Torre em troca do desenvolvimento rápido das suas peças - um artifício típico de jogadores de estilo agressivo. Os métodos modernos de luta na abertura não recomendam os próximos lances das Pretas, mas é preciso ter em mente que esta partida ocorreu um século atrás, quando ninguém duvidava do princípio de que “qualquer sacrifício deve ser aceito”.

7... Cxe4
8.O-O Cxc3
9.bxc3 Bxc3?




As Pretas tomaram dois Peões adversários mas ficaram para trás quanto ao desenvolvimento. O castigo por tais violações das regras de uma boa abertura vem em geral de forma rápida e selvagem. Esta velha análise é uma boa amostra das conseqüências desastrosas da  “ganância” na abertura. Ainda assim você não deve imaginar que esta partida somente tem valor histórico. É uma situação freqüente em simultâneas. Não se distraia capturando todos os Peões do inimigo em detrimento da mobilização das suas próprias forças.


10.Db3 Bxa1

As Pretas mantêm-se consistentes em seu desejo de ganhar tanto material quanto possível e perdem a última oportunidade de retirar o Rei do centro. A chance era: 10... d5 11.Bxd5 O-O.
 

11.Bxf7+ Rf8
12.Bg5 Ce7
13.Ce5!

 



É chegada a hora das Pretas pagarem por terem ignorado o desenvolvimento de suas peças e saído devorando Peões na abertura. Neste caso, o desastre deu-se na casa f7. As Pretas perdem, não importa o quanto tentem defender-se. Por exemplo: 13... Bxd4 14.Bg6 d5 15.Rf3+ Bf5 16.Bxf5 Bxe5 17.Be6+ Bf6 18.Bxf6 gf 19.Dxf6+ Re8 20.Df7 mate. (novamente a casa 17). Além de perseguir Peões, outro erro típico de muitos enxadristas é demorar para retirar o Rei do centro. Na prática dos mestres, há muitas partidas onde ambos os Reis permanecem no centro e sobrevivem, mas tratam-se de exceções à regra e
ainda assim são baseadas em um conhecimento profundo da situação e em habilidades defensivas.Os principiantes e aqueles que não têm tanta experiência devem fazer o roque na primeira oportunidade. Ao permanecer sem rocar, o Rei pode ser atraído para o centro do tabuleiro através de sacrifícios e aí o desastre se torna iminente.












































Fonte: Aprenda xadrez com Garry Kasparov

Evitando desastre na abertura







Tendo aprendido as noções básicas do jogo, o jogador irá perceber que os lances da abertura, quando quase todas as peças ainda estão no tabuleiro, freqüentemente determinam o desenrolar da partida e em alguns casos o seu final.

Uma partida de xadrez é, de certo modo, semelhante a uma confrontação militar onde, como se sabe, em muito depende não somente da capacitação técnica e dos equipamentos das tropas, mas também da capacidade dos comandantes de antever o desenvolvimento da batalha e posicionar suas forças de modo a engajar as mesmas nos momentos e na ordem mais favoráveis. É por isto que cada jogador que controla a movimentação dos seus exércitos de madeira deveria conhecer os princípios básicos da abertura.

É bem sabido que qualquer partida de xadrez pode ser anotada e preservada para a posteridade. Um enorme número de partidas foi escrito ao longo da história do xadrez, e a sua análise ajudou a desenvolver todas as nuances da estratégia das aberturas. 

Eu não pretendo abordar todas as aberturas e as suas características, o que seria ama tarefa impossível em face da abundância de informações. Eu vou limitar-me a descrever alguns princípios gerais a serem seguidos e como evitar um desastre.


O Primeiro Princípio 


"A abertura é ganha pelo jogador que desenvolve as peças mais rapidamente. Esta é uma regra básica e é muito importante aplicá-la corretamente."




Vamos analisar um exemplo simples:


1.e3 e5
2.Bc4 Cc6
3.Df3 Bc5
4.Dxf7#




Parece que as Brancas fizeram tudo corretamente - desenvolveram duas peças e deram xeque-mate. Ainda assim, esta linha de jogo merece críticas. O primeiro movimento é fraco. O quanto é importante ocupar o centro do tabuleiro com os próprios Peões. Isto tem de ser feito na abertura, de modo a posicionar as peças do modo mais favorável. É por isso que o lance e4 é mais forte e mais lógico que o lance e3. Eu quero reforçar mais uma vez o que disse, que é importante tentar dominar as casas com Peões, especialmente as casas centrais.

O segundo lance das Brancas (2.Bc4) não é tão fácil de se contestar, embora ele não tenha tantos méritos. A experiência das gerações anteriores nos indica o melhor método para desenvolvermos nossas peças: primeiro avançar os Peões para o centro, depois mover os Cavalos, seguidos dos Bispos e só então as peças mais fortes - as Torres e a Dama. No nosso exemplo o Bispo saltou direto para uma posição importante, mas sem atentar para as conseqüências de um possível lance 2... d5 das Pretas, em que elas obteriam um forte Peão central e forçariam o Bispo Branco a recuar para posições inferiores, tais como d3, e2, b5 ou b3.

O xadrez é um jogo de lógica, e uma combinação de jogadas tímidas como 1.e3 e agressivas como 2.Bc4 não faz nenhum sentido e como tal merece ser castigada.

As Pretas retrucaram 2... Cc6, que deve ser encarado como um lance regular, não sendo de modo algum o mais forte possível, dada a situação. É verdade que o lance 2... Cc6 está de acordo com os princípios de desenvolver rapidamente as peças, mas ele não cria problemas para as Brancas, o que seria o caso do lance 2... d5!. O terceiro lance Branco 3.Df3 parece eficiente, mas um enxadrista experiente não o teria executado; mais até, ele nem mesmo o consideraria. 

Se as Pretas reagissem corretamente com 3... Cf6! a jogada da Dama Branca teria sido em vão. E além disso a Dama Branca ao ocupar a casa f3 priva o Cavalo do Rei de uma boa casa para agir, deixando ao mesmo nenhuma escolha senão ocupar um papel passivo na casa e2 ou mover-se para h3, para longe do combate no centro. A peça mais poderosa do jogo, a Dama, não deve entrar na batalha de modo apressado, sob o risco de ser caçada pelas peças menores do adversário, com ganho de tempo.  

Com relação à jogada das Pretas 3... Bc5??, ela é lógica apenas sob uma ótica formal (as Pretas desenvolvem uma segunda peça na seqüência correta), pois ela perde a partida. O fato é que as Pretas não levaram em conta a ameaça real representada pelo adversário. Você pode ver o quanto se pode aprender a partir da análise de uma partida muito breve e cheia de erros mútuos. Nós ilustraremos o primeiro princípio o do desenvolvimento rápido das peças, com uma partida disputada há mais de um século.



J. Schulten - E Morphy
Nova York 1857

1.e4 e5
2.f4

Esta é uma abertura antiga e romântica, que recebeu um belo nome, "O Gambito do Rei". Ela em geral define o jogo através de um rápido avanço das peças. A teoria moderna crê que a melhor defesa aqui é um contra-ataque, o que foi claramente demonstrado pelo talentoso jogador americano Paul Morphy.

2... d5!
3.exd5 e4!



Tomar quaisquer dos Peões não seria bom, as Pretas tentam ganhar tempo e desenvolver as suas peças colocando-as nas casas planejadas.

4.Cc3 Cf6
5.d3 Bb4
6.Bd2 e3!





Trata-se de um sacrifício de Peão ousado e com vistas ao desenvolvimento futuro, já que a Torre irá ocupar a coluna do Rei após o roque.

7.Bxe3 O-O
8.Bd2 Bxc3
9.bxc3 Te8+
10.Be2 Bg4
11.c4?



Podemos dizer, com um grau de confiança razoável, que esta jogada é particularmente prejudicial às Brancas. Seria preferível livrar-se da cravada na coluna do Rei, de preferência com 11.Rf2. Mas as Brancas desejam manter um Peão a mais no centro.

11... c6!

12.dxc6?!

Ainda não era tarde para jogar 12.Rf2 ou l2.h3. Ainda com uma vantagem material, as Brancas permitem que o seu adversário desenvolva o Cavalo da casa b8 com muita eficácia, e aí a vantagem das Pretas se toma esmagadora, na parte mais importante do tabuleiro.

12... Cxc6



13.Rf1

É difícil dar bons conselhos para as Brancas. 13.Bc3 Cd4 14.Bxd4 Dxd4 15.g3 pode ser retrucado com 15.Txe2+ 16.Cxe2 Te8 com um ataque decisivo. Parece que após 12.dc?! não há defesa para as Brancas.

13... Txe2!

14.Cxe2 Cd4



Toda a ação se passa na coluna do Rei, onde a cravada vertical tem um papel decisivo. Pois de fato as ameaças colocadas sobre esta coluna forçaram as Brancas a atrasar a retirada do seu Rei da clavada. Agora segue-se uma nova pequena combinação, transformando a cravada vertical em uma ainda mais perigosa, diagonal.

15.Db1 Bxe2+
16.Rf2 Cg4+
17.Rg1



O Rei começa a correr para todos os lados sentindo a iminência do desastre. Eu recomendaria, a todos os que querem desenvolver as suas habilidades de ataque, a deixar este post de lado por uns 20 ou 30 minutos e tentar achar sozinhos uma vitória rápida para as Pretas, só então retornando ao post e comparando a sua decisão com a que foi tomada por Paul Morphy.

17... Cf3+
18.gx3f Dd4+
19.Rg2 Df2+
20.Rh3 Dxf3+



21.Rh4 Ce3
22.Thg1 Cf5+
23.Rg5 Dh5#.






























Fonte: Aprenda xadrez com Garry Kasparov

terça-feira, 16 de abril de 2013

Estrutura de peões 2


No xadrez moderno os dois lados tentam restringir a mobilidade dos Peões desde o início da partida. Veja esta abertura, por exemplo:


1.d4 Cf6
2.c4 e6
3.Cc3 Bb4
4.e3 c5


5.Bd3 Cc6
6.Cf3 Bxc3+
7.bxc3 d6
8.e4 e5



Conforme se vê, três Peões c4, d5 e e4 enfrentam a oposição de uma estrutura das Pretas nas casas c5 e e5, apoiada por um Peão na casa d6. Isto mostra-se suficiente para tomar a posição no centro estável. Nem todos os jogadores, no entanto, tentam restringir a mobilidade dos Peões com tamanha meticulosidade. As propriedades dinâmicas das linhas de Peões oferecem grandes oportunidades de combinações, que pode levar a complicações interessantes, principalmente quando ambos os jogadores preferem uma partida aberta. Por outro lado, uma cadeia de Peões estacionária, bloqueada, geralmente leva a uma partida lenta e não muito espetacular.

Você já deve ter esbarrado na literatura enxadrística com expressões do tipo "Peão débil", "Peão isolado" e etc. Cada uma destas denota uma falha na estrutura de Peões que restringe a sua mobilidade e aumenta a sua vulnerabilidade. Aqui se segue um exemplo simples:



Apesar do obstáculo representado pelo Rei Preto, as Brancas, jogando corretamente, podem não só proteger o Peão como também forçar a sua promoção. Mas assim que movermos o Rei, digamos, para a coluna a, o Peão se torna fraco porque pode ser facilmente atacado pelo Rei inimigo. 

Outras fraquezas comuns na formação de Peões são Peões dobrados ou triplicados na mesma coluna. Portanto, é muito raro que alguém os enfileire voluntariamente. Sua defesa é difícil, principalmente nos finais, onde podem se tomar a fonte de muitos problemas. Mas há exceções a todas as regras, especialmente no xadrez.

Aqui está um final que foi disputado por dois jogadores poloneses, Tulkowski e Wojceiwski, em Poznan.



Após os lances óbvios

1... Td2
2.Ca4

começam a ocorrer milagres no tabuleiro.

2... Txb2

Acontece que os defeitos da estrutura de Peões (dê uma olhada nos Peões Pretos) podem ser compensados por um jogo criativo. As Pretas entregam sua Torre sem nenhum motivo aparente. 

3.Cxb2 c3 

Acontece que após 4.Cd3 c4+ o Bispo que até então estivera “dormindo” entra no jogo, e o decide. 5.Txb6 cxd4 6.Rf2 c2 7.Tc6 d2 e um Peão é promovido.

 4.Txb6



À jogada óbvia 4... axb2 seguese 5.Cd3 e as Brancas vencem com uma peça a mais. As Pretas, no entanto, respondem com

4... c4!

Agora a casa d3 é tomada ao Cavalo e após 5.Cxc4 o Peão da coluna c é promovido. Será possível que duas peças não sejam capazes de conter dois Peões “aleijados” rastejando pela coluna c?

5.Tb4
Parece que as Brancas vão vencer já que não há defesa contra o lance 6.Txc4.

5... a5!

Trata-se de uma verdadeira ode aos Peões. O Peão deixado para trás que não tomou a Torre agora define o combate em um salto que parece irreal. Agora a Txc4 segue-se 6... cb, sendo que a Torre não pode voltar para b4 e o Peão na coluna b é promovido. Um final surpreendentemente belo! Mesmo tais finais clássicos podem ser examinados criticamente. O que aconteceria se as Brancas jogassem 2.a4 como resposta a 2... Txb2 com 3.a5? Um final semelhante aconteceu dois anos depois entre Sanz e Ortueta, em Madri, com leves diferenças na posição dos Peões na ala do Rei. Nós concluímos a nossa breve introdução às peculiaridades das estruturas de Peão com este exemplo. Você encontrará uma descrição mais detalhada dos termos, regras e exceções mencionados nesta lição em manuais de xadrez. Gostaria de recomendar aos principiantes que se atenham aos princípios comuns de estabelecer e consolidar uma estrutura de Peões evitando enfraquecê-la tanto quanto possível. Os enxadristas experientes podem usar das exceções. É a capacidade de avaliar quando tais exceções se aplicam que em grande medida toma o xadrez tão belo e cheio de surpresas.


























Fonte: Aprenda xadrez com Garry Kasparov

Estrutura de peões

Embora os Peões sejam os elementos mais fracos, eles freqüentemente determinam a progressão e o resultado de uma partida. Se algum dos lados tem uma vantagem de 2 ou 3 Peões, esta vantagem é na maior parte das vezes suficiente para forçar uma vitória. A situação é mais complexa quando há um número igual de Peões. Ai a avaliação da posição dá-se pelo exame do posicionamento dos mesmos.

Antes da partida iniciar-se, os Peões estão alinhados nas suas casas originais. Ao avançar eles se apoiam mutuamente e limitam a mobilidade das peças adversárias. Os enxadristas experientes freqüentemente sacrificam material para conseguir uma linha de Peões móvel, flexível, onde os mesmos se protegem mutuamente, conforme o diagrama a seguir:

T. Petrosian - H. Pfleger
URSS vs. Alemanha
Ocidental 1960



1.Cd5! exd5
2.cxd5

As brancas sacrificam um cavalo e fortalecem o centro com seus peões bem posicionados .Agora os Peões nas casas d5 e e5 tomaram-se o fator decisivo.

2... Dc8
3.e6! O-O
4.Dc3 f6
5.d6 Ca4



5... Dxe6 não é uma boa jogada, já que se perde a Dama após 6.Bc4.

6.Dxc8 Tfxc8
7.Ba1 Tc2
8.dxe7 Txe2
9.Td8+ Rg7
10.Tc1


Seria um erro promover a Dama com 10.e8D, já que após 10... Txg2+!! 11.Rh1 Tg3+ as Brancas tomam um xeque-mate inesperado.



10... Txe6
11.Tc7

Agora existe a ameaça de 12.e8D+

.
11... Rh6
12.Bxf6

E as Pretas abandonam. Como pode alguém lidar com uma potente falange de Peões? E preciso usar de uma solução radical: destruir toda a linha, ou ao menos o elo central. Em outras palavras, quebrar a linha em duas entidades separadas, incapazes de protegeremse mutuamente.

No entanto costuma acontecer que o meio mais eficaz de combater uma linha móvel de Peões seja contendo a sua mobilidade ou preparando um bloqueio. O que pode ser feito, por exemplo, vulnerando as casas em frente aos Peões. A linha de Peões Pretos nas casas c4, d5 e e6 pode ser contida por um Bispo Branco posicionado na. diagonal a1-h8.



Mas se o avanço dos Peões Pretos for apoiado por um Cavalo Preto na casa c6, somente o Bispo Branco não será capaz de parar o avanço da cadeia de Peões. O melhor método para montar uma barricada é bloqueando Peões com Peões. Se os Peões Pretos nas casas c4, d5 e e6 fossem bloqueados não por um Bispo mas por três Peões colocados nas casas c3, d4 e e5, tal barreira seria intransponível.



























Fonte: Aprenda xadrez com Garry Kasparov

sábado, 6 de abril de 2013

Dicas de dominar o centro do Xadrez‏

Importância do centro‏ no Xadrez 

 


As casas e4, d4, e5 e d5 no centro do tabuleiro são muito importantes. Elas comparam-se a uma colina do alto da qual pode se ver todo o campo de batalha ou lançar um ataque nocauteador a qualquer alvo no tabuleiro.



A luta pelo centro começa mesmo nos primeiros lances. O lado que conquista uma vantagem no centro (ou o ocupa) geralmente garante uma facilidade de mover suas peças, de um lado para outro do tabuleiro, o que constitui uma vantagem para suas forças.

Cem anos atrás o combate pelo centro era bem mais descomprometido e cavalheiresco. As Brancas em geral corriam e ocupavam o centro com os seus Peões e dispunham-se razoavelmente a sacrificar material. Os gambitos, ou as aberturas em que se entregava material, estavam muito em voga.

1.e4 e5
2.f4! exf4

Atualmente a resposta mais comum é o contra-gambito 2... d5 3.ex5d d4!, tornando o combate central mais sutil

3.Cf3

O Cavalo defende a casa h4 de um possível check com a Dama e ainda prepara para o avanço do peão em d4 com a proteção do Cavalo.Wilhelm Steinitz (1836- 1900), oficialmente considerado o primeiro campeão mundial, gostava de jogar 3.d4, de modo a permitir 3... Dh4+ 4.Re2. Ele acreditava que ter uma vantagem no centro era mais importante, do que uma boa proteção para o Rei.


3... g5
4.Bc4 g4 



5.O-O! gxf3

6.Dxf3 Df6

7.d3 Bh6

8.Cc3 Ce7





9.Bxf4 d6

10.Bxh6 Dxh6

11.Dxf7+ Rd8

12.Tf6 Dg5

13.Taf1











Esta foi a continuação de uma das partidas disputadas pelo grande enxadrista russo Mikhail Chigorin, em 1878. As Brancas sacrificaram uma peça e desencadearam um forte ataque, onde a sua superioridade no centro desempenhou um papel decisivo.




O eminente enxadrista americano Paul Morphy (1837-1884) ilustrou de modo mais prático a estratégia das Brancas no centro.





P. Morphy - J. Arnous de Rivière
Paris 1863


1.e4 e5
2.Cf3 Cc6
3.Bc4 Bc5
4.b4 Bxb4



5.c3 Bc5
6.O-O d6
7.d4 exd4
8.cxd4 Bb6
9.Cc3





Naquela época esta posição interessantíssima não ficava nada a dever à atual popularidade da abertura espanhola. Ao sacrificar um Peão, as Brancas obtém uma clara vantagem no centro, onde elas mantêm um poderoso par de Peões que, se usado como um escudo sólido, permite que as Brancas reagrupem suas forças conforme necessário. As Brancas também estabeleceram um forte controle sobre o centro do adversário, i.e., dois ataques contra duas defesas à casa e5 e três ataques à casa d5, que não conta com defesa alguma.



As Pretas não podem jogar 9... Cf6 porque aí se expõem ao ataque 10.e5! dxe5 11.Ba3! Bxd4 12.Db3! Be6 13.Bxe6 fxe6 14.Dxe6+ Ce7 15.Cxd4 exd4 16.Tf1!



Considera-se que a melhor resposta para as Pretas é 9... Bg4, continuando após 10.Bb5 com 10... Bd7 ou 10... Rf8. J. Arnous de Rivière fez um lance natural, mas infeliz, que permitiu, às Brancas, tirar partido de uma outra vantagem, do seu par de Peões no centro - a sua mobilidade. De fato, enquanto os Peões estão fixos na casa e4 e d4 eles provocam uma situação à qual as Pretas podem se adaptar. Mas cada um destes Peões pode avançar, criando novas situações para as quais as Pretas terão que achar uma defesa, o que é consideravelmente mais difícil. Por isto é que um "centro móvel" de Peões é um fator importante na hora de se avaliar as chances de ambos os lados na batalha que se anuncia.

9... Df6
10.Cd5 Dg6
11.Cf4! Df6
12.e5!


O Peão central avançou e criou uma situação na qual as Pretas, em vez de desenvolver suas peças, têm de se preocupar com a defesa do seu Rei. Será preciso um esforço formidável, já que a maior parte das peças Pretas está ainda presa nas suas posições iniciais. É neste ponto que as Brancas - valendo-se da sua vantagem com relação ao número de peças efetivamente envolvidas no combate - executam uma operação típica: abrir o centro (eliminando os seus próprios Peões e também os do inimigo) para dar passagem às peças maiores. Quando o centro está aberto, o papel das peças aumenta consideravelmente, e o seu posicionamento é revestido de uma importância crítica.


Esta etapa exige cálculo e precisão excepcionais.





12... dxe5
13.dxe5 Df5

As Pretas não podem, certamente, tomar o Peão com 13... Cxe5? 14.Cxe5! Dxe5? 15.Tel, após o que as Brancas ganham a Dama Preta com essa cravada com a Torre, impedindo que a retirada da Dama pois deixaria o Rei em check. E o Peão do Rei continua a movimentar-se para a frente.

14. e6



14 ... f6



As Pretas não melhoram a sua situação com 14... fxe6 15.Cxe6 Bxe6 16.Bxe6! Df6 17.Dd7+ Rf8 18.Bb2! (por isso é que o Peão saiu da casa e5) 18... Dxb2 19.Df7#. Agora o Peão na casa e6 divide o contingente das Pretas em dois e o seu valor é revestido de uma importância ainda maior. As Brancas só precisam impedir que o Rei Preto consiga fugir para um dos lados.

15.Ch4! Dc5
16.Be3! Dg5   
 [Se 16... Dxg4 segue 17.Dh5+, se defender com g6 18.Chxg6 ganhando a Torre Preta.]



17.Cf3 Da5
18.Bxb6 Dxb6
19.Cd5 Da5
20.Cd2!


Agora as Pretas não podem fazer nada contra a ameaça à Torre em a8 após 21.Cb3 e 22.Cxc7+, nem contra a ameaça não menos importante Dh5+. O fim está próximo.

20... Cd4
21.Cb3 Cxb3
22.axb3 Dc5



23.Dh5+ Rd8  
Com 23... g6 24.Cxf6+, perde-se a Dama
24.Tad1



Não há como fugir das graves conseqüências do xeque descoberto (25.Cb6+; o Cavalo deixa a coluna da Dama expondo o Rei inimigo à Torre), portanto as Pretas abandonaram.


É essencial que cada lado preste atenção à formação dos Peões no centro e tente fazer com que os seus predominem.

Às vezes apenas um Peão se mantém no centro. Esta situação cria novos problemas como, por exemplo, ocupar um "posto avançado" no centro, que de modo geral permite que as peças possam ser utilizadas de modo mais vantajoso, determinando assim uma superioridade em relação ao adversário.

T. Petrosian - Kozma
Munique 1958

1.Cf3 Cf6
2.d4 e6
3.Bg5 c5
4.e3 b6?!



O modo despretensioso como as Brancas jogam a abertura, diminuiu a vigilância das Pretas e permitiu que, por causa deste lance aparentemente natural, seu adversário ocupasse um posto avançado no centro com uma peça.

5.d5! exd5
6.Cc3 Bb7
7.Cxd5! Bxd5
8.Bxf6 Dxf6
9.Dxd5



As Brancas têm um forte posto na casa d5, já que as Pretas não podem forçar a saída da Dama desta posição nos próximos lances.





Ao mesmo tempo, as debilidades das Pretas na coluna da Dama são permanentes e podem adquirir grande importância.



 Os enxadristas experientes nunca dão início a ataques nos flancos sem antes consolidar suas posições no centro. 



No diagrama a seguir, as Brancas, sem terem feito o necessário Cc3, iniciaram um ataque de Peões na ala do Rei. Isoladamente não é uma ameaça muito grande. Em uma partida por correspondência, entre Neergard e Simagin, em 1964, as Pretas provaram o perigo que ele representa para as Brancas (!) de modo bastante convincente.






1... b5!!
2.cxb5 d5!!
3.exd5 e4!
4.Dxe4




A 4.fxe4 seguir-se-ia 4... Ce5!, mas ainda assim as Brancas ficam em uma posição desconfortável.

4... Bxg4
5.Df4 Bh5
6.Rf2 Ce5
7.Bg2 Bd6
8.Da4 Tc8!
9.Td2 Df6


Em poucos lances a posição Branca, que parecia sólida, desmoronou a partir de um contraataque no centro no momento correto. A partida continuou:

10.Bg5 Df5
11.Cf4 Bxf3
12.Bh3 
 Se 12.Bxf3 Cxf3 13.Rxf3 segue-se 13... Tc3+ 14.Rf2 Bc5+ 15.Rf1 Tf3+ 16.Rg2 Dg4+.



12... Bg4
13.Rg2 Tc2


e as Brancas abandonam, pois a seqüência 14.Thd1 Bxh3+ 15.Cxh3 Df3+ ou 14.Tf2 Txf2+ 15.Rxf2 Cd3+ é decisiva.

Portanto, tente controlar as casas centrais, protegê-las e nunca subestime o seu valor!
















Fonte: Aprenda a jogar xadrez com Garry Kasparov
Traduzido Por : Template Para Blogspot
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